segunda-feira, 30 de abril de 2007

Todos estúpidos!

Hoje foi um dia estranho. Não sei se rir se chorar. O mais certo é continuar apática, sem saber bem como me sentir. Uma coisa não posso mudar, hoje, para mim, os homens são todos estúpidos. Todos. Não se safa nenhum. Desde o meu pai que anda amuado há 4 dias, passando pelo homem das bombas da gasolina que não entendeu uma piada que fiz, seguido do colega que me vendeu uns bilhetes para o Funchal e quis fazer com que eu desistisse de ir só porque o voo estava cheio e depois veio ainda um estúpido que se quis matar no IC2 e todos os outros que fossem na mesma estrada. Todos idiotas. É claro que tenho de acrescentar o João, que não entendeu a parte do sms em que escrevi ‘não me ligues mais’ e passou o dia a ligar-me e a mandar sms com frases do género “atende a porcaria do telefone”, e o Nandinho que achou que eu ia ficar em Lisboa até às 2 da manhã à espera que sua excelência chegasse, porque se lembrou que ia jantar na Mealhada com uns amigos e só depois podia estar comigo.(Atenção. Foi ele que sugeriu o encontro.). Teve direito ao meu silêncio quando mo disse. Sim, porque um dos meus grandes defeitos é não discutir quando devo. Calo-me. Parece que o meu cérebro pára sem saber como processar a informação que está a receber. Fico especada a pensar “mas o que é isto? O que é que me está a dizer? Não é tudo ao contrário do que eu originalmente pensava?” A conclusão a que chego sempre é que sou burra. Burra porque continuo a acreditar neles, neles, nos idiotas, nos estúpidos. Aí já não digo nada, ofereço o meu silêncio, porque a burra fui mesmo eu e não devo mostrar que o reconheço. Passada uma hora é que me vem à cabeça tudo o que devia ter dito. Só que aí a discussão só se desenrola na minha cabeça, não tem receptor.
Estou indignada. Será que me têm em assim tão pouca consideração?

domingo, 29 de abril de 2007

Será desta?

É certo que não andava em sintonia com o João nos últimos tempos. Se dantes vivia por ele, respirava por ele, dependia dele para estar bem ou mal disposta, ultimamente era indiferente à sua presença na minha vida. A entrada do Nandinho deu-me outra perspectiva. Mesmo que ele não seja o melhor exemplo e esteja longe se ser aquele com quem vou ficar para o resto dos meus dias, mostrou-me que há melhor para mim, que há quem me dê mais atenção e que sem dúvida irá aparecer alguém algum dia que vai viver por mim, respirar por mim e depender de mim. Sei disso agora. Sei também que já não tenho medo de ficar sozinha. Antes só que mal acompanhada. Então nada de andar a sofrer por quem não merece, nada de chorar por quem nem me respeita.
Só que continuava com o João, continuava a falar com ele, a encontrar-me com ele, sem ter vontade de o fazer, sem saber porquê. Ria-me com as suas queixas de não lhe telefonar ou de já não querer estar com ele. Achava graça de o ver na minha posição de anos e anos. Era sempre eu quem reclamava. Ainda assim, continua a não me pôr no seu top de prioridades. Reclama que não quero estar com ele, mas quando cedo e digo “vá, vamos lá”, ignora-me, volta só a falar comigo passado 2 dias com a mesma conversa. “Não me ligas, já não gostas de mim”. Andámos 3 semanas nisto. E perdi a paciência. A gota de água, o que fez transbordar o copo foi a rica mensagem que me mandou hoje às 4 da manhã. “Caty, não sei se já casaste, mas continuo a amar-te”. Acordei com isto, estonteada. Mas que merda é esta? Está a brincar comigo? É que o meu nome está longe de ser Caty. Passei-me. Respondi que agora é que a tinha feito bonita, que devia estar mesmo à espera do golpe final. Na manhã seguinte tive resposta, não foi logo depois, esperou pela manhã seguinte porque aquilo nem tinha assim tanta importância, podia esperar. Escreveu que tinha sido a única maneira de chamar a minha atenção. E o pior, que golpe era esse de que eu falava? Mas será idiota?? Respondi como merecia. Esquece. Não me ligues mais.
Fechei os olhos e adormeci de novo. Não sinto nada, em relação ao João já estou anestesiada, já chorei tudo o que tinha para chorar, já tive as desilusões todas que tinha para ter. Foi um bocado estúpido isto ter sido tudo através de sms, pouco adulto. Mas antes assim, do que nunca o dizer. Foram 9 anos. 9 anos. Já estava na altura de acabar. Não posso dizer que me sinto aliviada, mas se dantes queria que me telefonasse, que me procurasse para pedir desculpa, agora nem o quero ver ou ouvir. Não quero saber dele. Não lhe desejo mal, como geralmente acontece nestas situações, nem tenho raiva dele. Quero que seja feliz. No entanto acho que é o rapaz mais burro e idiota que alguma vez conheci. Burro, idiota e estúpido.
Fez parte do meu passado, mas não o quero no meu presente. Do futuro não falo, porque esse está reservado ao destino.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Rancores

Cá estão duas das t-shirts que comprei. Uma para oferecer, a outra para mim. Inspiradoras em certos dias. No meu caso na maior parte dos dias.
Revi hoje um episódio da Anatomia de Grey, dos melhores da 3ª série, e dei por mim a ler a tradução de uma das músicas da banda sonora. “Bitter song”, dos Butterfly Boucher. Reza a história: All I need is a bitter song to make me better. Much better.All I need to write is a bitter song to make me better. Much better. E não é que é verdade? Tem dias que só queremos ouvir músicas tristes, porque nos sentimos o pior do mundo, mas quando começamos a recuperar dá-nos para ouvir destas músicas, rancorosas, que prometem vingança, tipo Alanis Morisette You oghta know, ou Kelis I hate you so much right now. E compramos t-sirts como estas, achamos do sexo oposto o mais idiota que pode haver, que conseguimos bem viver sem ele. Começamos a remendar o partido desta maneira, a odiar tudo o que nos fez mal, a desejar-lhe o pior. Vai ficar sozinho e careca. Vai partir o dente da frente. Vai ser encornado pela namorada. É difícil deixá-lo ir e esperar que seja muito feliz quando nos deixa na pior. E começamos a reconstrução. Ouvimos as músicas que nos elevam o espírito. Quem perde és tu, nunca mais me vais ver, vais querer-me de volta e vou dizer que não, ainda vou ser muito feliz, etc., etc..

Ainda em Londres

Numa das noites preparava-me para dormir quando o meu telefone tocou. Roaming maravilhoso! Era o João.
- Então, ainda estás no México?, perguntou.
- México? Londres. Estou em Londres.
- E estás a gostar? Tens feito muita coisa?
- Sim. Ando morta de cansaço...
- Liguei só para dizer que gosto muito de ti.
- Só isso?
- Sim, gosto muito de ti.
E desligou. Adormeci com um daqueles sorrisos de ternura nos lábios. Às vezes sabe ser querido. Mata-me, mas sabe ser querido. Vai, vai que o vou buscar à casota do cão.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Em Londres


Fui a Londres e voltei. Fiquei neste lindo quarto que a minha grande amiga Bel me disponibilizou. Foi dormir para um colchão na sala para que eu pudesse ficar bem instalada. Um amor.
Pontos altos da viagem:
-as compras que fiz no mercado de Camdem (malas, sapatos e t-shirts com frases giras)
-os minutos que passei a rir e a sonhar com o meu futuro enquanto a Bel me falava de um amigo dela que me achava muita graça e me queria conhecer.
A história deste amigo merece uma abordagem mais profunda. Segundo consta tem dinheiro aos molhos, casas em todos os cantos do mundo, um emprego no mercado financeiro e agora pensa dedicar-se a política. Perfeito para mim, segundo a Bel. Até lembra ligeiramente o Gary! Já me via como primeira dama de alguma terrinha inglesa a acenar aos camponeses tal Jackie O.. E filhos? Também quer um monte de filhos como eu. Assim falado parece perfeito. Só falta agora misturar as duas realidades, a minha e a dele, e ver se combinamos em algo. Nestes dias em que lá estive não deu para nos conhecermos pois o rapaz estava em Zurique, imagine-se, a tratar de negócios, está claro. Ela falava e a minha prima (que também foi comigo a Londres) concordava. Sim, sim, é perfeito para ela. E a Bel continuava. “E ele está avisado que tu não és como eu que faço questão de dividir contas nos restaurantes. Que tens de ser tratada como uma princesa, com direito a porta do carro aberta e tudo.” Á pois. Sou uma lady das antigas, não quero cá modernices. O homem é feito para pagar as contas e beijar a mão à menina. Enquanto não consegue beijar outra coisa…

sábado, 21 de abril de 2007

Ugly Betty


Caraças pá Betty Feia! Dá-me cada lição que cada vez que vejo um episódio penso “toma lá qu’é pá’prenderes!” O grande tema da série é ela não ser exactamente a rainha da beleza, mas que por dentro é do mais bonito que pode haver. Não pode estar mais longe da verdade. Apesar de estar sempre a ser enxovalhada, nunca muda. Tem os seus princípios, não tem medo de nada. Nem de ficar sozinha. O namorado traiu-a com outra? Toca a ir para o tapete do cão. Não o perdoa, não tem medo de ficar sozinha. Ele que se arraste atrás dela para que possa pensar em voltar a falar com ele e perdoá-lo. A Betty Feia não tem medo de ficar sozinha, não quer ser mal amada. Tem o seu orgulho intacto, é dona do seu nariz por mais que a tentem arrasar, não tem medo de mostrar como se sente. Quero ser uma Betty Feia!

Estava no Funchal há uns dias quando comecei a receber mensagens do João. Começava com:
Assim é que se vê quem não liga a quem.
Respondi: Nem sei que te diga. Olha lá bem para o teu telefone para ver se te liguei ou não. Só que não insisto quando não querem falar comigo.
Tenho muitas saudades tuas.
Há uns dias não tinhas.
Porque é que estás a dizer isso?
Porque desligas quando o assunto fica sério, ou não ligas quando achas que estou chateada. Perdes logo as saudades.
Eu perco logo, mas tu nunca tens saudades minhas
Aprendi a viver contigo longe.
Sinto uma grande indiferença. Estares comigo ou não é igual para ti.
És mesmo estúpido, não és? Indiferença é não querer saber. Se me chateio é porque me interesso, porque quero mais e melhor. Ou achas que é porque me apetece?
Porque é que ultimamente não me convidas para nada?
Achas que não convido ou és tu que não me ouves. Ainda me lembro de no outro dia te ter dito que era uma boa noite para irmos ao café.
Estou a ver que com tanta desculpa não queres saber de mim. Beijinho
E assim vejo que o que gostas é de me culpar. Será que sou mesmo eu quem falha nesta história?
No dia seguinte:
Quer acabar tudo, não é?
Tem graça. És sempre tu quem fala nisso.
Onde anda a menina?
Lisboa. Daqui a pouco volto à terrinha.
Ontem:
Não estás mesmo interessada em falar comigo. Não me ligas mesmo nada.
Queres levar-me ao café hoje?
Sem resposta.
Não respondes? I rest my case.

Depois ligou para perguntar o que queria dizer I rest my case. Tadito, inglês não é o seu forte. Não respondeu porque não podia. Já tinha coisas combinadas para aquela noite. Disse-lhe que lá sabia das suas prioridades. Que depois não se viesse queixar.
Anda a provar do seu próprio veneno. Quantas vezes esperei que me telefonasse ou que me convidasse para alguma coisa? Quantas noites esperei por ele e não apareceu? Agora pode ser que perceba que essas coisas não se fazem, que magoam, que nos deixam na mó de baixo a sentirmo-nos o mais rele dos seres. Não gostas, pois não?

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Bouquet






Vira-se a minha mãe e diz:
- Ó P, já viste a flor que está na sala? Se te casasses amanhã não precisavas mandar fazer um ramo, levava-la.

Ri-me, a minha mãe não perde a esperança de me ver casada e com filhos. Confesso também que não há uma montra de vestidos de noiva que eu não pare para ver.
Fica aqui a flor. A primavera está em grande cá em casa este ano, pode ser que ainda mostre as orquídeas e as tulipas que crescem no nosso mini jardim.
Depois reparei na urtiguita que crescia no mesmo vaso. Será um sinal?

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Eu a dizer que não gostava de olhar para o Nandinho, e não gosto, e a minha mãe a gritar-me pelas escadas para correr para o quarto dela porque tinha de ver uma coisa que estava na televisão. Cheguei lá e dei com ele estampado num canal da cabo, a fazer figura de idiota para fazer rir o povo. É um palhacito na tv, o Nandinho. Fugi logo que pude, não vi uns 5 segundos. Não gosto dele palhaço, gosto dele sério, homenzinho.

Hipóteses

Não sei se já é imaginação do meu cérebro, se é uma memória recolhida, daquelas que escondemos num cantinho para nunca lembrarmos, mas parece-me a mim que, antes de ter encontrado o Nandinho no avião, já tinha ponderado essa hipótese. Tipo a história do Edson Celulari. Devo ter pensado “e aquele gajo, será que não faz viagens de avião Lisboa-Porto?” Calhou-me num voo para o Funchal e descobri que faz o outro percurso de comboio.
Confesso que houve uma altura em que lhe achava graça, deve ter sido quando andei a pesquisar as tais fotos na internet, mas depois passou. Ficou apenas uma fotocópia de um excerto do livro dele colada à parede do meu quarto, que depois passou para o escritório, e ainda hoje aqui está a olhar para mim.
Pena é que o mesmo não aconteça com o Gary Barlow. Mas vou no domingo para Londres e pode ser que me cruze com ele. Estou esperançosa. Vai acontecer! Se aconteceu com os outros, porque não com este? Era capaz de desmaiar. Ou então de achar que estava na profissão errada, devia ser bruxa.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Aquele Nandinho é mesmo um charme. A última coisa que me disse quando nos despedimos no sábado, foi para lhe mandar uma mensagem ou telefonar para marcarmos um dia para terminar o que ficara pendente. Que é como quem diz, para dormirmos juntos e eu fazer de ti o que quiser. A minha resposta à senhora: só para o mês que vem, estás de castigo. Para além disso vou de férias e só venho a Lisboa para alguma coisa muito importante. Acrescentei ainda: convida-me para alguma coisa, embebeda-me e pode ser que tenhas sorte. Aqui já estava a fraquejar, é verdade. Mas fugi para casa antes que dissesse mais alguma asneira.
Hoje liguei-lhe. Lembrei-me que ele podia vir ter comigo, em vez de ser eu a ir a Lisboa. Assim estava nas mãos dele, via o quanto me queria ver ao fazer 100 km só para estar comigo. Só que o desgraçado não me atendeu. O que foi uma coisa boa, de estranhar que não esteja a fazer uma cena, a sentir-me ignorada, a mais desgraçada das mulheres. Na verdade sinto-me aliviada por não ter falado com ele, de não o ter convidado para nada, de não ter que o ver. Se nuns dias gosto dele, noutros não consigo ver nada de bom nele, não me imagino sequer a conversar com ele, a olhar para ele. Já disse que me custa muito olhar para ele? Que geralmente concentro o olhar na camisola, no chão, no que está ao seu lado, ou fecho mesmo os olhos. Acho que só gosto mesmo dele de olhos fechados. Hoje é um desses dias, dia de olhos fechados. Se tivesse de olhar para ele ia ter um troço.

Dormi mesmo a noite toda, mas devo dizer que os sonhos voltaram. E acordei às 7 da manhã, como previsto.
Às vezes sonhamos coisas parvas, sem sentido. Eu já sonhei com o Bruce Willis, com situações impossíveis, com coisas que gostava que acontecessem, mas desta vez o meu sonho foi como uma premonição. Tenho a certeza que, se continuar no caminho em que estou, vou viver aquilo sem qualquer sombra de dúvida. Acordei chocada, aparvalhada, humilhada, com raiva, com desejo de vingança, e com a perfeita certeza de que aquilo me ia acontecer. No sonho até ameacei pessoas com uma tesoura, imagine-se o meu estado? Vou passar por aquela experiência se não me segurar agora, se não puxar as minhas rédeas. Já passei por coisas parecidas, sei como funcionam, só nunca consegui evitá-lo. Pode ser que agora, visto que já aprendi umas coisas, consiga.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Até que...

Até que, num belo sábado, neste sábado, quando estava a conversar com uma amiga, a combinar um fim-de-semana no Funchal dedicado à gastronomia, vi que tinha uma chamada em espera. Nandinho back from the dead. “Estou aqui a apanhar sol na varanda, com uns amigos, e lembrei-me de ti. Não queres cá vir?” Dei graças aos deuses por estar a kms e kms de distância, longe de qualquer tentação. E amanhã? Está bem, vou lanchar contigo e com o teu amigo. Lá estava, aqui a menina ia enfiar-se na toca do lobo outra vez. Será que não tenho controle? Sou de impulsos, de extremidades, de passar da apatia à euforia. Devo ter alguma disfunção de personalidade. Quem no seu perfeito juízo entra na toca do lobo, depois de já lá ter estado e saber que ia ser mordida? Quem? Eu, que sou parva, que não sei o que ando a fazer da minha vida.
Ao menos portei-me bem. Fui uma mulher e só permiti uns beijinhos e uns abraços, umas enroscadelas no sofá enquanto víamos o CSI (acreditam que ele nunca tinha visto nenhum episódio?). Bati-lhe um pouco, uns estalitos que me dizia doerem a sério. Se não fosse para doer, porque o faria? Quem merece, merece. E voltei a casa, com a integridade intacta. Estou a ficar uma mulherzinha. Só é pena ter ficado a vontade de ter lá ficado.
Verdade, verdade, é que agora durmo que nem uma pedra.

Estou de férias! De férias! Amanhã posso sair da cama quando me apetecer, posso ver os desenhos animados da dois até adormecer de novo, fazer ronha até ficar mal disposta com fome. Como hoje tive de acordar às 4.30 da matina, o mais certo é abrir a pestana por volta das 7. Mas não me vou levantar. Não vou! Vou fechar os olhos e esperar que o sono acumulado apareça. Sim, que esta semana foi com despertares todos os dias antes das 7 da manhã. Não faz nada bem à saúde. Sempre que o despertador tocava tinha um ataque cardíaco. Eu que não andava a dormir muito bem, sempre com sonhos estranhos. (Num deles o elevador onde estava caía do 6º andar e estranhamente todos os ocupantes se safavam, só eu ficava com umas costeletas partidas.) Então, bastava ouvir o rádio, ou telefone, dependendo do sítio onde estava a dormir, para ser arrancada do meu sono perturbado à força, como se me tivessem dado um estalo. Até ficava mal disposta. Depois levantava-me com aquela ideia “pronto, tem mesmo de ser, quando chegar vou dormir uma bela sesta”. Lavar a cara, lavar os dentes, ver que as olheiras estão cada vez maiores e fazer nota pessoal para comprar outro creme dos olhos. Lá vamos nós para o trabalho. O que custa mesmo é sair da cama. Depois no trabalho ainda nos rimos e passamos uns bons bocados. Gosto do que faço.
Voltando ao dormir mal. É verdade, andava a dormir mal. Às vezes, por mais cansada que estivesse custava a adormecer. A cabeça teimava em dar voltas. Sempre a pensar, sempre a pensar. Em quê? Principalmente em homens. Um estava estúpido, com o outro não falava. Inventava mil cenários, mil diálogos, mil decisões. Finalmente comecei a dormir melhor. O meu eu independente ressuscitava. Cheguei até a ponderar com seriedade o fim da minha história com o João. Ele já não precisa de mim, já está restaurado, como novo. Parvinho como sempre. Reavaliava a história com o Nandinho. Tinha dado demasiada importância àquilo tudo. Sabia que mais tarde ou mais cedo ia reaparecer, tinha quase a certeza, ou talvez não. Comecei a sair com as amigas, a ir às compras, a planear coisas para as férias, e voltei a ser eu de novo, bem disposta, feliz com a vida. Voltei a adormecer mal punha a cabeça na almofada.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Também quero!


Como eu os invejo! Porque é que não me deu para ir para os Estados Unidos fazer um curso e tentar a minha sorte como actriz. Não me importava de servir à mesa para lá chegar, nem de limpar o chão do McDonnald's, nem de arrancar pastilha elástica da calçada, se tudo isso me fizesse fazer parte do casting da Anatomia de Grey. Que lindinhos que são todos. A Izzie e o George, os meus favoritos. Também quero um amigo daqueles. Também quero ser médica. Porque é que não fui para medicina?? Também quero ir às festas dos prémios e embebedar-me com champagne e andar agarrada ao meu melhor amigo para não cair, a rir que nem uma perdida. Também quero vestir vestidos giros!
Logo me havia de calhar uma farda de assistente de bordo!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Que rica filha!


Estava eu a ver uma revista, daquelas de mulheres, que nos dizem quais os tons da estação e quais os melhores cremes para a celulite, quando me deparei com esta imagem. Parei tudo. O meu coração apertou-se de emoção. Quase que veio uma lágrima ao olho. A minha filha é modelo da Benetton! A minha filha, a que eu nunca tive, já aparece em revistas! Digam lá se não é parecida comigo. Os olhos são iguais, ou estarei a alucinar? Fui mostrar à minha mãe, que anda desejosa por netos. Olha, cá está a tua netinha. Não tens de esperar mais. Até já é crescida e famosa e tudo! Tive foi de arranjar uma casa na praia para ela estar sempre moreninha, ou um marido meio índio, ou indiano. Tem os meus olhos, não tem? Que bonitinha, a minha filha.

Estive a limpar o meu velho portátil, daqueles que pesam 20 kg e são gordos que nem uma porca. Tadito, ainda tem o Windows 98, está lento como caraças com os milhões de vírus que deve ter e o rato fixo está um pouco gasto, precisa de uma borrachinha nova. Velhinho, na 3ª idade da informática, mas não é por isso que me vou desfazer dele. Nada disso. Vou restaurá-lo. Formatá-lo, dar-lhe uma nova vida. Para isso estive uma tarde a olhar para ele, com uma infinita paciência, a tentar ver o que valia a pena guardar e o que podia ir para o lixo. Havia trabalhos da universidade, diários, histórias imaginadas que tinham sempre como base a minha relação com o João, e fotos. Fotos do Carnaval, do meu irmão, da minha prima, do Gary Barlow, do Reynaldo Guianecchini e na pasta dos giros, junto ao Gianni, quem vou encontrar? O Nandinho. Será possível? Porque é que não me lembrava de, em 2003, ter tido uma panca e o ter juntado à minha pasta dos giros, dando-me ao trabalho de ir pesquisar fotografias dele à net? Ele que não é assim tão giro? Apaguei completamente essa memória, só me lembrava de lhe achar graça, mas não ao ponto de o juntar ao meu grupo dos giros! Que caraças, como é que não me lembrei disso? Como é que nenhuma das minhas amigas me lembrou disso? A conclusão a que chego é que estava no meu destino, pronto.Tenho de pôr aqui a mão das fadinhas da Floribela. Está feito. Não podia ter fugido dele. Fez o seu trabalho e seguiu à sua vida. E só tenho de dizer que foi um bom trabalho. Tornei-me numa pessoa melhor. Que continua a fazer asneiras, mas que pelo menos anda de cabeça erguida.

sábado, 7 de abril de 2007

Ideias arrumadas?

É verdade. Assumo. Confesso. Sou uma menina que gosta de drama. Gosto de um belo motivo para chorar e achar que sou a pessoa mais infeliz do mundo, que não tenho sorte nenhuma. Qual família que gosta de mim, quais amigos, qual estabilidade profissional? Nada disso importa, o que importa são os homens, as paixões. Em relação a eles qualquer motivo é bem-vindo para eu desperdiçar uma lágrima ou duas, uma vez por mês. Desequilíbrio hormonal? Talvez seja. Psicose? Também. Só é preciso encontrar o rastilho, acendê-lo e bam! Estoira a bomba. Depois, na altura de apanhar os bocados, de juntar as provas, tal CSI, é que tenho noção de que afinal a dinamite não tinha razão para rebentar, que o rastilho nem estava ligado, que fui eu que o fui lá acender, fui eu que fiz o drama sozinha, e que aquela choradeira não tinha razão nenhuma de ser. A esta altura devem pensar “a gaja é parva. Está sempre a desculpar os homens, sempre a culpar-se a ela própria, será que não aprende?” Não, não aprendo, mas o que não aprendo é a desligar-me, a deixar andar. Como me escreveu uma amiga, deixo os sentimentos envolverem-se. Nas suas palavras a regra básica para as brincadeiras amorosas é: não te envolveres… tipo o Pretty Woman: “as prostitutas fazem tudo…menos beijar na boca!” e neste caso, adaptando essa ideia:… tu já “o beijaste na boca, não foi?” Beijei, envolvi-me, não soube afastar-me. Depois pensei demais. Penso tanto que me contrario.
Esta última tragédia grega não teve nenhuma razão de ser. Nem uma. Foi tudo fabricado na minha cabeça com uma mistura de ciúme, falta de respeito, sentimento de posse e de abandono. A única verdade daquela noite foi que fui abandonada e essa foi a única razão que despoletou tudo o resto. Contava com uma cama quente e recheada e levei com um “hoje não durmo com ninguém”. Tudo o resto foi floreado, desculpa. Não tinha porque reclamar se ele estava interessado em alguém quando eu própria me encontro com outra pessoa, não tinha porque me queixar quando mo disse. Éramos amigos, tinha sido o acordado na última vez que estivéramos juntos. Acabou-se a relação sexual, ficamos só amigos. Cama só quando o rei fizer anos. Foi isto o combinado. Naquela noite, na festa, eu própria tinha travado alguns conhecimentos. Não os alonguei porque não quis, porque fui estúpida e achei que devia ficar sossegada porque já tinha a cama recheada. Contei com o ovo no cu da galinha.
A minha primeira reacção quando me disse que tinha uma oferta tentadora para aquela noite?
- Que bom para ti. Força, vai em frente. Porque é que a deixaste ir embora?
- Porque não te quero magoar.
- Magoar? Mas não me magoas. Somos só amigos, lembras? Não penso casar contigo. Para além disso sabes que não te sou fiel.
- Sim, é isso que me tranquiliza, saber que não estás assim tão apegada a mim.
E abraçava-me. Durante toda esta conversa estúpida, que deveria ser uma discussão acesa numa relação normal, foi o tempo que estivemos mais próximos na noite toda. Um beijinho aqui, outro ali. Um abraço depois do ‘vai ter com ela’, outro depois do não te quero magoar. E num instante, sem aviso prévio, desaparece do meu lado para ir à casa de banho. Deixou-me especada a falar sozinha. Aí começaram os problemas. Depois veio a história do dormir sozinho, depois o silêncio no carro, depois o chegar a casa e ver que me deixa ali abandonada. Pronto, chorei. Os copos que bebi também não ajudaram a ordenar as ideias.
Estarei a remexer demais neste assunto? A tentar emendar as coisas? Talvez.
Confesso ainda a vontade que tenho de lhe contar tudo isto, que foi tudo um mal entendido, but I know better than that. No momento não lhe faço falta. Nem neste nem no próximo. Não me vou forçar onde não me querem, como a minha mãe sempre me disse, a festas e baptizados não se vai sem ser convidado. Quando lhe fizer falta saberá onde me encontrar e na altura saberei se ele ainda me faz falta. Até lá faço as pazes com a minha consciência e renovo o meu eu independente.

Fica aqui uma das minhas canções favoritas, apropriada à semana passada.
"Been a painful road to a door that's closed
Been a gamble that I knew I couldn't win
Been a lonely conversation to this photograph of you
In the mirror there's a sing I must give in
So I'm not holding back the tears anymore
tryin' escape the heartache, tryin' escape emotion"
La la la...
in, Holding back the tears by Take That

Ignorem o cabelo. Na altura estava na moda.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Estava a ver a novela e houve uma cena que me deixou de boca aberta. Fiquei pasmada. Como era aquilo possível? Uns com tanto, outros com tão pouco?
O cenário era o seguinte: casal de namorados a jantar fora. Ela informa que vai passar 6 meses fora do país a trabalho, que é uma oportunidade de uma vida. Ele pergunta porquê, porquê se agora estão tão bem, se custou tanto a ficarem juntos. Ela diz que 6 meses passam num instante, que ele tem de entender, que o trabalho é muito importante, e que quem esperou 5 anos para estar com ela também espera 6 meses. Ele conforma-se, deixa o seu ar de cachorro abandonado e encara a situação. Está bem, pode ir trabalhar para fora, mas naquela noite vai dormir à sua casa. Momento chocante: Nem pensar, diz a menina senhora de si. Não gosta de se sentir como casal, como marido e mulher, é muito independente, não o quer na sua casa naquela noite, depois combinam alguma coisa para o fim-de-semana. E eu chocada a ver esta cena. Como é que se recusa um aquecedor de pés daqueles, da melhor qualidade? Como é que se dispensa uma massagem nas costas antes de adormecer? Um pequeno-almoço na cama? Será louca? Logo se vai arrepender…

quarta-feira, 4 de abril de 2007


Abril é o mês das grandes datas. A minha mãe faz anos, a Lu faz anos, a minha afilhada faz anos, fui oficialmente apresentada ao João neste mês, e, o maior evento de todos, a data mais memorável, estive com o homem da minha vida, cara a cara pela última vez. O maior, o melhor, o único, o incomparável…. Gary Barlow. Aquele que, se aparecesse à minha frente agora, me levava com ele, aquele que me faria deixar tudo para trás, família, amigos, país, aquele que me podia prender no seu castelo alimentada a pão e água e a amorrrrr. O Homem da minha vida, o das mãos perfeitas, da voz perfeita e da barriga perfeita (barriga mesmo, nada de músculos bem definidos). O que me podia dar os filhos loiríssimos que queria ter. Aquele por quem meço todos os outros, o que me faz rir só de o ver ou ouvir rir, o que me faz sonhar, o que faz com que as minhas amigas digam: “Ó não! Voltou tudo de novo. Será que ela não tem remédio? Será que ficou presa na adolescência?” Ele é o meu Toni Carreira! O meu Simão Sabrosa!
Mas quis o destino que nascêssemos em países diferentes, que ele fosse famoso, adorado por milhões de mulheres, que eu não tivesse 18 anos quando nos encontrámos (sim, porque se tivesse mais 4 ou 5 anos não me tinha escapado), que se casasse e tivesse filhos, e que eu continuasse aqui à espera que me caísse de novo do céu. Mas tenho confiança! Vai acontecer. Ele não sabe, mas eu estou no seu destino, marcada na sua vida, nem que como tarada psicopata que um dia lhe vai aparecer à porta e oferecer para lavar a roupa, ou o chão, ou o que for. E quando me vir vai perceber que era à minha espera que tinha estado toda a vida. Vai mandar passear a mulher e vai instalar-me na sua mansão. Aí sim, vou começar a viver!

terça-feira, 3 de abril de 2007

Se calhar era ele

Esqueci-me de contar que ontem tive uma alucinação. Daquelas que não acreditamos que estejam a acontecer porque ainda há poucas horas tínhamos pensado na possibilidade remota. Explicação: dei uma olhada aos Globos de Ouro e vi a chegada do Edson Celulari, esse homem que tendência a ficar charmoso com a idade. Na altura pensei, será que ao vivo é assim? Não será estranho com aqueles olhos pequenos demais? Depois tentei adormecer porque tinha de acordar às 5 da matina. E tive uma noite horrível. Daquelas em que rebolamos na cama e não conseguimos pregar olho, em que olhamos de hora a hora para o relógio, e que quando finalmente adormecemos de cansaço o despertador toca. Foi assim a minha noite. Levantei-me mais morta que viva. Mal disposta, com olheiras que chegavam à nuca, como se tivesse feito uma operação ao nariz. Lá me maquilhei, fardei, enfiei um pacote de leite com chocolate pela goela abaixo e enfrentei os 8 graus que estavam. 8 graus em Abril! Será possível? Para onde foi a Primavera?
Cheguei ao aeroporto e bebi mais um café. Até as luzes me cegavam! E de repente tenho uma visão. Começo a alucinar. Pisco os olhos para afastar as imagens irreais que me passavam pelos olhos, mas elas continuam lá. Mas será possível. Não estarei a ver coisas? A confundir pessoas? Perguntei às minhas colegas:
- Olha lá. Aquele não é o Edson Celulari? O marido da Cláudia Raia?
- Onde? Quem? Aquele? Não. Não me parece.
- A sério? É que a mim parece mesmo. Ou serão as luzes a cegar-me?
- Devem ser as luzes.
- Mas ele estava cá ontem. Pode ser ele…
Desisti. Já me estavam a ver como uma louca. Mas! Mas, quando foram embora, as minhas colegas passaram por ele e viraram-se para trás com os polegares para cima. Era mesmo ele.
Pensei: Isto é um sinal dos deuses. Tenho de lá ir apresentar-me. Não posso deixar esta oportunidade escapar. Eu sou a sua Lurdinha. Até me disseram que era meio parecida com ela. Tenho de lá ir. Quem quer ir comigo? Vamos lá tirar uma fotografia com o Edson!
E olharam para de mim de novo. Coitadinha, está louca. O que é que lhe vamos fazer, deixá-la dormir uma sesta ali, sentada no banco?
Quando olhei de novo já tinha desaparecido. O check in estava feito e foi à sua vidinha. E eu perdi uma oportunidade de ser mais aberta. Raios!

Tempo

Ontem choveu e trovejou. Hoje o sol brilha e o céu está azul. Ainda com algumas núvens, é verdade, mas essas são passageiras. Que melhor forma de descrever o que por vezes nos vai na alma?

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Força

"Respiro fundo e lembro-me da força, que guardo dentro do meu corpo, espero que ela ouça..."
Muito bem! Da Weasel a inspirar!

Mafalda


domingo, 1 de abril de 2007

Abrir os olhos

Estava a ver a Oprah e mostravam uma série de curtas-metragens baseadas em histórias reais. Na verdade o que me fez parar de fazer zapping e dar atenção ao programa foi a presença da Jennifer Aniston, que eu até gosto. O meu lado cusco quis saber se estava a falar da separação do Brad. Se tivesse de escolher entre ela e a Angelina Jolie, escolhia a Jen. É mais normal, mais como eu. A Jolie é demasiado ‘fatal’ para o meu gosto, é mais 'porno' apesar de todas as coisas bonitinhas que faz nas Nações Unidas e de adoptar as criancinhas pobres. Enfim, continuando, é claro que não estavam a falar da separação dela. Na verdade quase nem a ouvi falar. A vez dela já tinha passado. O que me fez parar foi ver as curtas-metragens e as histórias reais por detrás de cada uma. Uma em especial. “Blinders” A história de uma rapariga que só trabalhava, não saía com rapazes, nem estava interessada em conhecer pessoas novas. Não tinha nenhum contacto com o sexo masculino que envolvesse qualquer sentimento que não o da amizade. Ela contava que as amigas diziam-lhe muitas vezes para se concentrar menos no trabalho e ser mais receptiva a conhecer pessoas novas. Perguntavam-lhe “Porque é que não sais mais e conheces rapazes? Sê mais aberta. Namorisca.” Aceitou a sugestão. Decidiu que ia dar uma oportunidade a quem quer que se atravessasse no seu caminho, mesmo a um estranho. Até que num dia, no metro deu de caras com um rapaz mesmo giro que olhava fixamente para ela e sorria. Decidiu retribuir o sorriso. Ofereceu ainda olhares matreiros, piscadas de olhos. Chegaram à estação e ele levantou-se para ir embora. Antes de o fazer sacou da bengala desdobrável da maleta. Era cego! Tinha estado a namoriscar com um cego que nem sabia que ela estava à sua frente.
Para além da história ser engraçada o que mais me fez matutar foi o comentário da realizadora. Disse ter muitas amigas assim, que são giras e espertas e que se queixam de nunca conhecerem ninguém. E que depois passava uma tarde com elas e havia mil pessoas a tentarem meter-se com elas, mas elas não o percebiam. Não recebiam o sinal. Simplesmente não estão abertas a isso.
Percebi o meu mal. Estão sempre a dizer-me que devo ter muitos rapazes interessados em mim e respondo sempre que não. Não há nenhum. Se calhar sou eu que não o percebo, estou fechada, nada receptiva. Mas amanhã vou dar muito mais atenção aos homens que se cruzarem comigo. No supermercado, nas bombas de gasolina, aos seguranças do aeroporto e do centro comercial, ao assistente da Zara… Vão ser todos olhados profundamente e brindados com o meu melhor sorriso. Logo vejo se algum faz clique.

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