domingo, 29 de julho de 2007

Que culpa tenho eu se os meus amigos são casados? Se o são é razão para já não se poderem dar comigo? O compromisso com outra mulher é razão para eliminarem todas as outras da sua vida, amigas de longa data, ou mesmo uma que conheceram há pouco tempo mas com quem até partilham algumas afinidades? Porque é que, nós mulheres, não conseguimos separar as coisas? Acreditar que a pessoa com quem estamos é só nossa e vai voltar sempre para nós, e que isso não afasta a existência de amigos? Amigos de sexo diferente? É a velha questão que se levanta: poderá um homem e uma mulher partilhar um laço exclusivo de amizade, sem nenhum interesse romântico ou sexual por detrás? Claro que pode. Tenho grandes amigos homens e arrepio-me só de pensar que os podia ver nus. Cruz, credo! Não há cá nenhuma faísca sexual, pelo contrário. Para mim são irmãos, conselheiros, ombros para chorar, ajudar a ver as coisas mais claras, partilhar umas boas gargalhadas e no fim, cada um vai para o seu lado. Pena é que as suas senhoras donas não o entendam. Fazem cenas de ciúmes, telefonam e não dizem nada para ver se os apanham num passo em falso, proíbem-nos de ver tal mulher. E assim vou perdendo amigos preciosos, vou odiando aquelas que também podiam ser minhas amigas e acabando por desgostar deles por me terem deixado para trás. Todos estúpidos!

sábado, 28 de julho de 2007

Tive de fugir. Fugi para o sul para passar o fim de semana porque já andava a fazer asneiras a mais, estivesse na santa terrinha ou em Lisboa. A idiotice perseguia-me onde quer que fosse e chego a temer que veio comigo. Já não tenho remédio. Quando vejo a luz no fim do túnel volto a recuar e percorrer o caminho todo de novo. Talvez tenha o complexo de Sísifo, que carregava a pedra até ao cimo da montanha e quando estava quase a chegar ao topo ela rolava cá para baixo. Tinha de começar tudo de novo, mais um dia a carregar, a empurrar. Como ele, também fui castigada por Zeus, só não sei qual foi a ofensa que fiz. Enfim, andando e aprendendo. Pelo caminho vou vendo um defeito aqui, ouvindo uma conversa que me aborrece de morte ali, sentindo um incómodo perante um toque e percebendo que afinal já nada é como era. O encanto também acaba, o príncipe encantado, no fim da história, também ganha barriga de cerveja e se senta no sofá enquanto grita "Maria! Traz o jantar!"

terça-feira, 24 de julho de 2007


Se me dissessem para escolher entre o João e o Nandinho ia ter de passar uns belos dias a reflectir. Provavelmente ia chegar à resposta que sei hoje. Nenhum dos dois. São farinha do mesmo saco, não se safa nem um cabelinho decente. Até o diabo ia ficar indeciso e preferiria ir incendiar um fardo de palha a gastar tempo com um destes dois. O que é certo é que eu gastei tempo com eles, continuo a gastar, e sou capaz ainda de ir descobrir outro da mesma laia para me tirar o sono. Está-me no sangue. Ainda no outro dia encontrei um diário que escrevia no secundário e já nessa altura andava nestas histórias. Rapazes com namoradas, que não queriam assumir relações. Comecei cedo, e temo que nunca mais pare. Hoje até acho graça a essa história da escola, fiquei amiga do rapaz e partilhamos boas gargalhadas quando nos encontramos, mas parece-me que o mesmo não se vai repetir com estes dois.. Vai haver tragédia. E das gregas! Humm, pode ser que não...

domingo, 22 de julho de 2007


Um viva aos homens! Esses grandes machos. De palito no canto da boca, de unha comprida para coçar sabe-se lá o quê. Esses seres que chegam a casa e se sentam à mesa para que a Maria lhes sirva o jantar, que arrotam no fim de satisfação e dão umas palmadinhas na barriga proeminente. Um viva a eles, que, por grande amor ao seu clube, começaram a sair de casa vestidos de cor de rosa. Qual fashion statement? Benfica love! Só é pena que não mudem os seus hábitos por razões bem mais importantes.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Educação


Em casa, provavelmente pela mão do meu pai, ou mesmo no colégio de freiras que frequentei, cresci a acreditar que os homens eram criaturas que usavam as mulheres. Usavam para deitar fora. Muita conversa mansa, muito fazer ao piso, e quando já está, quando já atingiram o seu objectivo, o seu orgasmo na cama, é hora de apertar as calças e ir embora. É uma imagem feia, mas é a verdade. São poucos os que gostam de conversar depois do sexo. É muito mais fácil rolar na cama e adormecer. Se a casa não é a dele, melhor, é levantar e ir embora. E pronto, fiquei com esta ideia. Errada. No fim de ir para a cama com ele, com quem quer que o ele seja, não há nada a fazer. É dizer-lhe adeus, preparar logo a despedida enquanto há tempo para falar e ainda não preciso de recuperar o fôlego ou a decência. Sei que é mau pensar assim, mas foi assim que aprendi. Foi a experiência mais longa que tive. O João vinha ter comigo, fazia o que tinha para fazer e ia embora. Falar para quê? Falávamos ao telefone, não era? Havia dias em que já me apetecia chorar mal o via entrar na minha casa e me agarrava. Não tinha tempo nem de olhar para mim. Depois vinham as frases mágicas “já é tarde. Tenho de ir. Pode aparecer alguém”. Ia embora e eu sentia-me usada em vez de acarinhada. Mas estes foram tempos deprimentes. Depois adoptei uma defesa. Dizer não. Não, não mexes aí, não me toques. Não! Tira daí a mão. E assim ia ganhando tempo, ia conversando à minha maneira. É claro que o resultado ia ser o mesmo, mas naqueles minutos em que negava qualquer contacto ia ouvindo aquelas coisas que queria ouvir, que por mais estúpidas ou mais falsas fossem, me aqueciam o coração. “Estás tão bonita hoje. Tinha tantas saudades tuas. Sonhei contigo esta semana...” Assim enganava-me a mim mesma e quando ele fosse embora já não era tão difícil. O pior disto tudo é começar a defender-me desta maneira com quem se aproxima de mim, mesmo aqueles que fazem cafuné depois do sexo e aconchegam debaixo dos lençóis. É o não, não, não até cansar, na esperança de ser mais apreciada enquanto pessoa, para que depois fique a vontade de ficar mais um bocadinho. Será errado?

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Romeu e Julieta?


Pergunto-me se alguma vez serei capaz de viver um grande amor, de sentir um grande amor, daqueles em que se dá a vida por ele, em que se esquece quem somos, de onde vimos, que nos faz deixar tudo o que amamos para trás, todo o nosso passado, e saímos só com a roupa do corpo, apagamo-nos e passamos a viver em função do outro, em função dos dois. Um amor que faz enfrentar tempestades, o desconhecido, o medo de acabar. Esse amor existe? Sem reservas, sem dúvidas? Ou é fruto da literatura, do cinema, da imaginação de muito boa gente que quis brincar com a cabeça das pessoas e dar-lhes algo com que pudessem sonhar, mas nunca alcançar? É que na vida real, o amor é feito de sacrifícios, de muita lágrima derramada, não existe aquilo do “never look back” e do “let's jump over the bridge together”. Pelo menos não conheço amores desses que eliminam toda uma existência. Alguém conhece?

segunda-feira, 9 de julho de 2007

As coisas que esta gente inventa. Vejam. Vale a pena. Roubou-me umas belas gargalhadas. Jack!!!

domingo, 8 de julho de 2007


Os meus tios convidaram e eu lá fui. Assistir a um evento mundial, ter uma história para contar aos meus netos. “Sabem meus lindos, quando eu era nova fui assistir à revelação das 7 maravilhas do mundo no estádio da Luz, vi a Jennifer Lopez, que era uma cantora famosa no meu tempo e a Hilary Swank, aquela actriz velhinha que aparece nos filmes. Eu estive lá.”
Estive, fiz parte do evento. Bati palmas quando ninguém batia, acendi e apaguei a luzinha que me deram à entrada e senti orgulho do meu país. Digam o mal que disserem, os portugueses têm orgulho no seu país. Sim, o governo é uma porcaria, o país uma desordem, o poder económico só diminui. Mas temos orgulho. Não posso negar que não me tenha vindo uma lágrima ou duas aos olhos, durante o evento, sempre que salientaram os grandes feitos dos portugueses, (quase todos da época dos descobrimentos, mas isso é outra história). O mesmo já tinha acontecido durante o campeonato do mundo sempre que ouvia a música “joga mais, corre mais, menos ais, menos ais, menos ais, quero muito mais”. Não sei o que passa comigo e com a cena do país para me emocionar tanto quando vejo estas demonstrações de orgulho nacional colectivo. Mas se me orgulho, também tenho vergonha. E esta noite tive vergonha dos meus compatriotas, de algumas centenas deles que assistiam comigo à gala das 7 maravilhas. Inchados que estavam dos seus grandes feitos do passado, esquecendo que poucos fazem para igualar os nossos egrégios avós, ignoraram a arte de ser anfitrião, de receber os países que nos visitavam e vergonhosamente vaiaram a presença dos Estados Unidos com a Estátua da Liberdade. Não estávamos nós numa festa? Numa gala que comemorava a civilização? Se minutos antes cantei o hino nacional com a mão no peito e levantei o braço na altura do “às armas! às armas!”, quando ouvi os buuuusss quis bater em todos os que assobiavam. Idiotas!

domingo, 1 de julho de 2007

Porquê?


Não imaginam o que é sair à noite, estar um bocado com os amigos, ouvir as histórias deles, partilhar os seus problemas, rir com os disparates de alguém, com a nossa própria embriaguez e, de repente, aparecer alguém que nos diz “Pois, mas tu gostas do João. Vi na tua expressão na outra vez que falámos dele.” Aí, o olhar brilhante torna-se baço, lágrimas de impotência ameaçam cair pela cara abaixo. Só não o faço porque estou em público e jamais chorarei em público. Colo o sorriso habitual e encolho os ombros como sinal de derrota. Não há nada a fazer. Já não sei, eu mesma, se ainda gosto dele. Sei que aprendi a não sentir a sua falta, sei que não sinto qualquer vontade de falar com ele, de conversar com ele. Afinal para quê? Sei que não vai mudar nada. Sei que vai ter de ser como um jogo em que o árbitro apitou para assinalar o final da partida. Não dá para voltar atrás, há regras para serem cumpridas, há outros jogos para jogar. Não há nada a fazer a não ser regressar a casa e pensar no que há de vir, que o amanhã será melhor, que o próximo jogo será ganho. A derrota fica marcada. Não há como esquecer todos aqueles treinos, todas aquelas técnicas, todas aquelas jogadas para chegar à vitória, todo aquele empenho, todo o amor à camisola... Não dá para esquecê-lo. Não dá para não sentir o aperto no estômago cada vez que me dizem “Então e o João? Gostava era mesmo de vos ver juntos, tu e ele, em vez daquela namorada que ele arranjou.” Então e eu e o João? Porque é que não foi? Porque é que não aconteceu? Desculpem continuar a insistir neste assunto, mas é que continuo a não entender.

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