terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Quem diria?

Hoje o meu horóscopo dizia: "Dia favorável em termos de afectividade. Proteja-se e deixe-se proteger. Não se atemorize. Nem sempre é a cabeça que tem de dirigir o barco." Será? Parece ser o que me têm dito. Vou enfiar-me numa cama que não é minha e deixar que me mimem e protejam para confirmar.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A minha mãe

deve pensar: Que rica filha que eu fui arranjar! Ainda não conhece o rapaz há um mês e já dorme na casa dele! Mas onde é que eu errei na educação dela? Não a pus eu num colégio de freiras? E eu até acho que sou moderna, mas assim tanto não.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Fantasma


Não queria voltar a falar nele, não queria dar-lhe qualquer importância, mas a verdade é que nos últimos dias me tem assombrado. Preferia que desaparecesse de vez, que esquecesse que existo. Não ia ficar triste, nem sentir a auto-estima em baixo por ter desistido de mim tão rápido. Ia ficar aliviada, isso é que ia. É que sempre que ele dá o seu ar de graça, com uma mensagem, ou telefonema, é como se passasse uma nuvem negra por mim. Nunca me arrependi de nada do que fiz, nem do que vivi. Foi tudo experiência de vida. No entanto, neste momento, se olhar para os últimos 9 anos da minha vida, não consigo lembrar-me de uma única coisa boa, não consigo dizer que valeu a pena por este ou aquele momento. Só me lembro dos traumas com que fiquei, do quanto alterada ficou a minha visão e opinião sobre relações entre homens e mulheres, do cepticismo que ligo à fidelidade. Não acredito em nada de bom e puro vindo dos homens, a desconfiança anda sempre por aqui. E a culpa é dele. E minha, porque deixei que o fizesse.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Ele é que sabe


Li o livro Killing me softly, de Nicci French, há já uns anos (do qual foi feita uma versão de cinema ranhosa, sem jeitinho nenhum), e hoje veio-me à memória a história de amor doentio dos personagens quando, às 3 da tarde, me apanhei na cama a ouvir música, a conversar, a rir, a sofrer uns amassos, a beijar e a ser beijada, sem ter comido nada, nem almoço, nem pequeno almoço. Nem sequer uma bolachinha! E levantar da cama - só para ir à casa de banho. Não tivesse eu uns compromissos e ficava lá até ao desmaio, até já não ter forças para levantar um dedinho para lhe puxar uns pelinhos da barba pela 3ª vez, para o ouvir resmungar e dizer que aquilo é razão para bater a sério em alguém, a ver se se calava com a história do socialismo e da revolução russa. Vamos levantar? Não, só mais um bocadinho. Chama-me lá mimada e egoísta mais uma vez para me fingir de amuada.
E quando finalmente nos levantámos, quando nos despedimos, pensei que estava doente, que vivia uma história como a do livro, porque por mim, ficava pendurada ao pescoço dele o dia inteiro. Não me lembro de alguma vez o ter pensado em relação a alguém. Se calhar até é normal nestas histórias, mas para mim é novidade. Tal como é novidade ouvi-lo chamar-me amor e deixar, não gritar logo um não me chames isso como sempre fiz, porque toda a vida pensei que se devia ganhar o direito para alguém mo chamar, fosse quem fosse. Coisa nova também é acreditar quando diz que nunca me vai fazer mal, porque sabe o quanto estou danificada e o quanto custa confiar. Sabe que está a apanhar os cacos, vai tendo paciência quando deixo as frases a meio, porque me arrependo do que ia dizer com medo do que possa pensar, e avisa que aquilo tem de acabar um dia, que mais tarde ou mais cedo vou ter de dizer o que penso. Acho que faz bem em ameaçar, em forçar-me a construir opiniões com pés e cabeça, é terapêutico. Melhor do que ir ao psicólogo! Vai custar um bocado, mas lá chegarei.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Onde fomos?


Fez-me um teste na última vez que saímos juntos. E eu quase chumbei. Ooops. Queria que dissesse onde fomos nos nossos primeiros encontros, com detalhes. Agora é que me lixaste! Lembro-me do primeiro, mas os outros foram todos enfiados no mesmo saco ao acaso. Não sei em que dia fizemos o quê. Mas ele lembrava-se se tudo. E saiu-se com um “pensava que as gajas apontavam estas coisas no diário”, quase magoado. Se calhar até apontam. Eu é que não. Não me lembrei, não dei importância. Se calhar devia ter dado... Enfim, para que não me esqueça ficam aqui registados os primeiros 3 dates. Jantar no italiano e Chapitô, depois cinema, “Cassandra's dream” no Monumental e ida ao Royal, depois cinema com a M, “Jogos de Poder”, no El Corte Inglês com ida ao supermercado para comprar Martini e pasta de dentes. Depois disto está meio confuso. "Expiação", indiano, restaurante chinês manhoso, FNAC do Chiado, Enoteca, filme na casa dele, The darjeeling limited, Alecrim às Flores, Mercearia, Japa e não sei que mais. Foi um mês preenchido.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Dói-dói



Estou farta de estar doente. Se não estou constipada, tenho febre e gripe. Passa a febre, vem a otite. Depois da otite, uma aula de piscina mais puxada depois de anos e anos sem mexer um músculo no que se refere a exercício físico, e parece que tenho um pulmão furado. Até dói respirar. Não aguento mais. Vou abaixo. Estou na últimas. A boa disposição que consegui ter até agoa acabou de fugir para terras longínquas. Chegou a rabugice, o desespero, o não quero ver ninguém. Odeio isto. Odeio! Quero a minha saúde de volta!!!

sábado, 9 de fevereiro de 2008


Eu? Aquela que andava pelo supermercado do El Corte Inglês, de mão dada a um rapaz que carregava o cesto e procurava os ingredientes para o jantar daquela noite? Eu? Aquela que, quando paravam junto à prateleira dos vinagres, encostava a cabeça no ombro dele e esperava que dissesse que já faltava pouco para irmos para casa? Eu, essa? A que mal chegou a casa se foi enfiar na cama porque já não se aguentava nas pernas de tão doente e o deixou andar por lá a cozinhar e a tomar conta dela a noite toda, sem medo que a visse naquele estado deplorável, febril, despenteada, olheirenta, entupida, a tossir as tripas para fora de 5 em 5 minutos, com sangue a escorrer pelo nariz, a quase vomitar o jantar que ele fez, a tocar trombone cada vez que se assoava ou tentava respirar pelo nariz? Essa não sou eu, não. É a outra. A que aparece de vez em quando e até acha que aquilo está muito bem e muito certo, como deve ser. É isto que merece. É a doente, que não podia estar sem atenção durante mais de cinco minutos. É a que gosta de o ter por perto porque até dá jeito, porque ele até faz o que ela pede, porque até a faz rir e lhe faz festinhas no cabelo até adormecer. É a que lhe pede para faltar ao trabalho na hora em que tem de se levantar para ir embora. É diferente da que acorda no dia seguinte com uma mensagem dele, a pedir que não vá passar o fim de semana fora, que fique com ele, e pensa “ai a minha vida! Isto assim não pode ser. Tenho de ter tempo para mim caramba.” Diferente da que começa a sentir-se sufocada, pouco à vontade. Da que quer fugir e não sabe para onde. Da que não o merece, que só lhe vai trazer dissabores, discussões mudas. A P que eu sou anda perdida pelo meio. Sem rumo, a ver o que o destino lhe trás, sem levantar ondas, escondida atrás dos óculos de sol e de coisas para fazer. Anda a adaptar-se à novidade.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Jantar num dia, cinema no outro. Vamos beber um chá no dia seguinte. Vem visitar-me quando estou doente e telefona primeiro para perguntar se preciso que me leve alguma coisa para jantar. No dia seguinte volta para me levar a jantar e conta os dias para me ver de novo. Se se atrasa 5 minutos, avisa com meia hora de antecedência. Paramos na rua, à espera que o semáforo mude de cor para atravessarmos e abraça-me. E eu penso eu, P, alguma vez andei abraçada a alguém na rua, em pleno Saldanha? Se entramos no elevador, dá-me passagem prioritária. É cavalheiro, ajuda o senhor que carrega os barris de cerveja pela escada acima. Leva-me a sítios giros e diferentes, e não à tasca da esquina para comer iscas. Mostra-me coisas novas, conta-me histórias, conta-me as suas histórias, o tiro no pescoço, o amor em Itália, a sobrinha que vai nascer. Está sempre por perto. E eu não estou nada habituada a estas coisas, a esta bondade toda, a este estar comigo só porque gosta de estar comigo. Dizem-me que é assim que deve ser. Que é isto o gostar de alguém. Que é isto que mereço depois de tanta história malvada. Mas eu não sei. Ainda não estou convencida. É andar e ver.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Carnaval 2008



Este foi dos bons! Divertido à séria, sem grandes complicações. O meu karma maldito por lá andou, escondidinho atrás das cabeleiras, guardado como uma ovelha com um canito sempre por perto (ou canita). Mas isso não interessa nada. Aborreceu-me um pouco, pela falta de civismo e boa educação, que diz que devemos sempre cumprimentar quem conhecemos. No entanto lá mais para a frente na noite e duas vodkas já ingeridas, entre outras coisas que já não lembro, fiquei mais eu. Encostei-me e observei como se sobrevoasse por ali, por entre as máscaras e cabelos armados (não sei qual era a bebida, mas devia ser mesmo boa). E achei graça. Graça para mim, triste para eles. Não sei que história vivem aqueles dois, mas é muito mau ela ter de andar a dançar agarrada a tudo quanto é homem que lhe pegava, enquanto o seu dono e senhor “córtia”com os amigos sem lhe prestar a devida assistência. Quando era mais nova fazia isto para chamar a atenção de alguém, mas na altura tinha 19 anos. Com mais de 30 parece-me infeliz e desesperado. Enfim, pode ser que ela até goste mesmo de dançar. Ainda assim, mais triste me parece que na hora de irem para casa, (na hora em que, se fosse eu com um namorado, lhe saltava para a espinha e até fazíamos uma coisa gira com o estado embriagado em que estávamos), ele tenha fugido para algum canto para me telefonar 20 vezes e mandado 30 mensagens, e a tenha deixado perdida, sem ovelha para guardar. Isso é triste e é coisa que não quero viver nunca na vida. Este caso está arrumado. Sem história bonita para contar aos netos.
Moving on, fui mascarada de noiva cadáver, mas a minha caracterizarão não demorou a desaparecer. Lá para o meio da noite já era uma gaja enrolada em tule branco com um copo na mão. Já o noivo não apareceu e até fez falta para me carregar ao colo na hora de ir para o carro. Não sei porquê, mas só conseguia andar com passinhos de gueixa. Isto para não falar nas cãimbras ao início da noite. A prima esteve no seu melhor, juntamente com a Claudette, na hora de defender aqui a pobre noiva perdida. Valeram também os telemóveis na hora de ir à casa de banho sem luz. Muito bom! Para não esquecer.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Vanessa


Há coisas que nos deixam no chão, desorientadas, incrédulas, em choque, de boca aberta, em negação, de lágrimas nos olhos e coração apertado. A vida deixa de ser cor-de-rosa. Passa a ser negra, horrorosa, injusta. A minha querida Vanessa, irmã de uma amiga minha do colégio, que sempre me recebeu com um sorriso, que me acompanhou em grandes momentos da minha vida, daqueles que nunca vou esquecer. Foi-lhe diagnosticado um cancro no cérebro e lhe dada a pior notícia que se pode ouvir na vida. Tinha dois meses de vida. A notícia só chegou até mim hoje, quando os dois meses já tinham passado. Esta era a sua última semana. Não posso estar com ela porque mora em Manchester. Não posso estar com a Belinda, a minha querida amiga Belinda, porque está em Manchester. Fico por cá, no meu canto, a chorar de incredulidade, sem saber o que pensar, sem saber o que dizer.


Estava a ser um parto difícil, ah pois estava.

Resumo da semana.
Comecei com um voo na companhia nova, como trainee. Correu muito bem, tirando a porcaria dos sapatos, que conseguem ser piores do que os da minha farda antiga, e me deram cabo dos pés.
Na terça-feira, houve teste e tive 100%. Melhor ainda: à noite houve jantar com o menino novo. Fomos ao Chiado, depois a um restaurante chinês a sério (Horroroso, detestei a comida. O meu rico chau-min que é tão bom ao pé daqueles pudins esquisitos e texturas manhosas. Vou matar quem me disse que era muito bom). Fugimos de lá logo que pudemos e voltámos ao Chiado para um chá. Conversa pela noite fora, sempre muito animada. Voltei a casa desesperada. Pura e imaculada. Sem um amassinho para contar a história.
Na quarta-feira, voltámos a jantar. Ele escolheu o restaurante. Mas antes passámos pelas Amoreiras e por um café para um aperitivo antes do jantar. Já no restaurante, foi dia de contar as histórias dos fantasmas passados. Odiei ouvi-lo falar das outras mulheres que passaram pela sua vida. Estúpidas! Eu posso contar-lhe a minha vida para desculpar o meu comportamento estranho. Mas ele não! Toca a apagar essas memórias! Voltei a chegar a casa mais desesperada, ainda pura e imaculada.
Na quinta-feira foi dia de descanso. Uma coisa estranha na verdade. A presença dele já parece uma constante. Enviei-lhe um sms a dizer que me faltava alguma coisa. Nem digo o que respondeu, mas posso dizer que me deixou corada e com o estômago apertadinho.
Ontem enviou-me uma mensagem a dizer que eu nem me atrevesse a ir para a santa terrinha. Não senhor, farei tudo o que me mandar. Voltámos a encontrarmo-nos à noite quando saiu do trabalho. Fomos comer alguma coisa e fechámos o restaurante. E agora, para onde vamos? Passear. Carro parado ao pé da praia e mais conversa. Muitos risos. E agora? São 4 da manhã, não tenho sono nenhum. Filme na minha casa? Ora aí está uma rica ideia! Muito bem. Já lá devíamos estar. A ver o filme, braço por cima dos ombros. A imagem na televisão desfocou e toda eu pensava “Ai mãe do céu, que é hoje. É hoje!” Aconcheguei-me mais. Adormeci. Acordei e o filme acabou dois minutos depois. E agora? Cabeças encostadas, conversa da treta sobre o filme, e ... tcharam! Lá apareceu o primeiro beijo! Muito custoso, devo dizer. E depois? Mais beijos. E está na hora de ir embora. 6 e meia da manhã. Estavam à minha espera em casa às 7, com muita pena minha. O caminho para casa foi feito em silêncio, o que foi uma novidade entre nós. Segiu-se a despedida à porta da minha casa, que começou por ser estranha. Já estava com as chaves de casa na mão e a ver que me ia deixar ir embora só com um bom fim de semana nos ouvidos. Perguntei “só isso?” e saiu-me um “vá. Agarra-me outra vez”. E foi a desgraça. Tive de fugir para me manter pura e imaculada. Com muita pena minha, mas tinha de ser.

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