Sim, os pilotos ganham rios de dinheiro. Ganham, ainda se queixam disso e ameaçam com greve se lhes tiram um tostão, nem que seja aquele que gastam todas as semanas a lavar o carro na lavagem automática .
Sim, o pessoal de cabine efectivo ganha bem, consegue fazer uma vidinha decente e anda contente da vida, não tem grandes queixas sobre o assunto. A não ser que os ponham a trabalhar mais sem nenhuma recompensa.
E o resto? Os desgraçados dos eventuais, os chamados genéricos que fazem o mesmo por menos de metade do preço. Arrastam-se para o trabalho com um brilho nos olhos, a riscar datas no calendário durante três anos, dias que os aproximam da efectivação. Tremem de medo em cada vez que ficam doentes, porque isso pode pôr em causa a sua passagem para os quadros. As baixas são malvistas pelos patrões. Fazem planos a longo prazo: daqui a três anos um filho, uma casa... E eis que os três anos passam, vem aí o tão esperado aumento. O quê? Não vem? PEC 3? Congelamento de aumentos? Mas estão a brincar? Ninguém sabe o que é que se passa? Foi dito que vinha e afinal não apareceu. Os recursos humanos não têm a certeza, mas acham que a coisa que se vai recompor. Que vai ser tudo acertado e o aumento vai aparecer, é só esperar. Um mês? Dois meses? Não se sabe. E os eventuais, agora efectivos, arrastam-se para o trabalho sem brilho nos olhos, dão pontapés nos carrinhos das refeições e têm vontade de maldizer da companhia inteira, aquela que traziam no coração com orgulho.
É injusto? É. Pode fazer-se alguma coisa? Em nome do país, não. Agora é esperar. Um mês. Dois meses...
Bjs
Nanny
Lutei para aqui chegar e lutarei para não sair daqui. O mesmo farias, se atingisses a mesma posição.
Motorista