sexta-feira, 18 de abril de 2008

Arrependimento


Ele chateia-se quando me pede alguma coisa e eu não cumpro. Na maior parte das vezes tem razão. Na maior parte das vezes não faço o que me pede porque penso que ainda devo ter algum controlo sobre a minha vida, que não posso respirá-lo e alimentar-me dele. Como no dia em que fez anos e eu não pedi uma troca de escala para poder passar a noite com ele, e fui dormir a Paris, com a infeliz ideia de que assim é que devia ser, que não se pode ter tudo o que se quer, que a noite anterior e a manhã até depois do almoço eram tempo suficiente para celebrarmos o data juntos. Só não me lembrei da agonia que ia sentir quando me vi sozinha num quarto de hotel, a morrer um bocadinho por não estar com ele quando lhe cantassem os parabéns e fizessem um brinde com o vinho que lhe comprei. Morri um bocadinho com remorsos. Como morri ontem quando o deixei em Lisboa, a pedir-me pela vigésima vez que não fosse embora para a terrinha porque o tempo estava muito mau para eu fazer uma hora de viagem. E tu és louca a conduzir, e não vais ter cuidado, e já viste como chove? É melhor ires só amanhã. Não! Vou hoje. Disse que ia hoje e vou hoje! Nem que caia o céu. Por mais que queira ficar tenho de ir. Tem de ser. Fui, e o mundo caiu-me em cima em forma de chuva e quase tive de parar o carro em plena A1 porque não conseguia ver a estrada. A lembrar-me que podia estar aninhada com ele no sofá a beber um copo de vinho e a rir com um episódio do Californication. Burra! Burra! Burra!

2 Comments:

  1. Isa David said...
    youuuu aaare my heeerooooo!
    Não é à toa que se vivem certas coisas. right?
    susy claro said...
    Nao será um cadinho de orgulho/medo a mais?

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