terça-feira, 7 de outubro de 2008

A1

Ia eu descansadinha pela auto-estrada fora, a pensar na vida, em como o dia estava a ser cinzentão, com toda a chuvada, com os parvecos dos meus colegas de trabalho daquela manhã, e, como se não bastasse, com a notícia da morte de um tio do meu maisquetudo, que o obrigou a ir para o Algarve de repente, sem mim (disse que não valia a pena ir com ele, que fosse para a terrinha descansar). Vinha amuada, com uma lágrima no canto do olho. Queria ter ido com ele e estava a fazer o caminho na direção oposta.
E lá ia eu, a conduzir, quando de repente sinto uma pedra no sapato, que é como quem diz, avistei a minha pedra no sapato num carro à minha frente, e pensei mas como é que raio ainda consegues distinguir o carro dele em plena A1 quando vais a 14okm/h? Não tens mais nada com que ocupar o cérebro sem ser com informação desta que já devia ter sido apagada há meses? É claro que depois, em vez de não querer saber do sucedido, passei uns belos 10 minutos a pensar no será que me viu, será que ainda conhece o meu carro, vai-me telefonar, não vai nada, tá-se a cagar, lembra-se lá que carro é que eu tenho, mas és parva P! não tens que gastar tempo a pensar nele, tens o teu maisquetudo, isto não te interessa nada, olha o telefone está a tocar, e não é que é ele, afinal sempre conhece o meu carro, será normal ficar contente com isso? o ego sofrer um boost pelo simples facto de me ter reconhecido em plena A1? Ao menos isso, quase 10 anos de misérias são quase 10 anos de miséria, que lhe fique alguma coisa na memória. Mal de mim se não ficasse.

1 Comment:

  1. Patrícia said...
    É impressionante como um só vislumbre de ... por exemplo um carro ... nos pode despejar um baú inteiro que pensavamos esquecido ou mesmo apagado. Gostei muit do teu blog, identifiquei-me muito com o que escreves... Vivo actualmente uma dualidade de sentimentos que nasceram exactamente dum vislumbre de alguém que não vía à 4 anos. Hoje basta-me ver um carro da mesma marca para me acelerar o ritmo cardíaco e me encher de culpas e uma série de outros sentimentos contraditórios.
    Enfim, um desabafo...
    Gostei mesmo do teu blog! Parabéns

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