sexta-feira, 8 de junho de 2007

Nunca mais

Cedi aos telefonemas insistentes do João e fui almoçar com ele. “Vamos pôr tudo em pratos limpos”, pensei, mas é claro que nenhum dos dois abriu a boca. Falámos do calor que estava, das estradas por arranjar, da zona da marina da expo por arranjar, sei lá de mais o quê por arranjar. Lá para o fim comecei a ficar apática. Já estava a ver que aquele encontro não me ia levar a lado nenhum.
- Deixas-me triste.- disse-lhe.
- Não vou deixar mais. Vais ver.
Vou ver? Ah pois vou. Vi logo no dia seguinte. Desapareceu. Não deu mais notícias. Foi o bastante para acordar. O choro adiado há um mês estava aí. Do que é que eu estava à espera? De um milagre? Que de um dia para o outro não conseguisse viver sem mim? Se nestes anos todos o fez tão bem? Chorei. Mandei-lhe um sms como acto de desespero a implorar que me deixasse me paz, que já merecia construir a minha própria vida e chorei mais um bocadinho. Já passaram uns dias mas volta e meia ainda me apanho a olhar para o nada e apetece-me chorar de novo. Acho que é bom. Faço o luto. Choro pelo perdido, que nunca volta, que nunca foi. E nunca mais, NUNCA MAIS, atendo o telefone quando me telefonar.

É claro que, com isto tudo, me fui refugiar nos primeiros braços que vi abertos. O Nandinho ligou e fui ter com ele no mesmo instante. Soube bem ter alguém que me abraçasse durante a noite toda.

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