domingo, 28 de outubro de 2007

Segredo


Ele sempre se sentiu à vontade para falar dos seus casos, dos seus namoros, das suas aventuras, comigo ao lado, comigo a ouvir. Eu sempre me senti à vontade para lhe falar dos meus, para contar as últimas novidades do meu caso de anos, das minhas desventuras, das minhas conquistas. Talvez quisesse que soubesse que eu não vivia só por ele, que tivesse ciúmes até. E agora, que tudo isso acabou, que já não tenho ninguém, não lho consigo dizer. Não consigo dizer-lhe que estou sozinha, livre que nem um passarinho. Não consigo dizer-lhe que isso é mau, porque me faz ficar presa a ele, dependente como se fosse a minha tábua salvadora, que o torna na primeira pessoa em quem penso quando me sinto sozinha. É mau, porque se ele souber vai entender toda a minha boa vontade dos últimos tempos, vai pensar que me vou apaixonar por ele e vai acabar com o que está a correr tão bem. Digo-me que se isso acontecer não vai fazer uma grande mossa no meu viver, digo-me que nem vou chorar. Talvez sinta apenas falta de uma coisa ou de outra. Mas não quero que acabe porque está a correr bem.
Fico com o meu segredo.
Ou não?

2 Comments:

  1. Isa David said...
    Já sabes que a minha resposta (e conduta) é sempre beijar na boca e ser feliz.
    beijo grande,
    quando vamos ao sushi?
    Anónimo said...
    Desabafa, diz-lhe o que sentes, mas di-lo com o coração... porque é isso que te preenche, o teu amor próprio. Gostei do teu cantinho*

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