segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Quando era a outra, a amante e sempre que me cruzava com a oficial, respirava fundo, tentava não tremer e fazer-me maior do que a situação com que me deparava. A única coisa que podia acontecer era a outra dar em louca e começar a chamar-me nomes e a puxar-me o cabelo. 5% do meu eu tinha medo que isso acontecesse. Os outros 95 diziam-me que mesmo que ela soubesse que era comigo que o namorado/companheiro estava nos dias em que chegava tarde, ou nem dormia em casa (nalguns dos dias pelo menos), iniciar uma batalha pública seria o mesmo que assumir que estava a ser traída e isso ia obrigá-la a tomar alguma atitude. Das duas, uma: ou se fazia de ofendida e deixava o rapaz, ou assumia que tinha um par de chifres e não se importava. Não gritar com a amante, não lhe dar uma carga de porrada em público e manchar o nome dos dois é o mesmo que fechar os olhos e fingir que não se passa nada. Assim continuaríamos os três a viver as nossas vidinhas em paz. Tenho de lhe agradecer por isso na verdade, vou pedir por ela nas minhas orações. Há também a hipótese de o rapaz ser tão bem a esconder o rasto de tal forma a que ela nunca desse por nada...
Enfim, continuando, eu tentei ficar sempre impávida e serena quando a encontrava. Já a minha mãe ficava mais nervosa do que eu quando ocorria o azar de nos encontrarmos as 3 na mesma sala. Ela tinha medo por mim, soltava sempre um ai ai baixinho e ficava com ar de quem queria fugir dali para fora. Pobre mãe, não fora aquilo com que sonhara para a filha. Mas a filha desenrascou-se, conseguiu sair daquela história feia e ir ser feliz para outras bandas. Soltou-se, mas a mãe dela não. Resultado: quando fomos jantar no sábado passado, eu, ela e o mais-que-tudo, e ela deu um passo atrás mal entrou na sala do restaurante e se virou para mim com uma careta, como quem diz "caraças, não devíamos ter vindo aqui", vi logo a cena que me esperava. O casal maravilha sentado a jantar. Infelizmente o meu cérebro foi mais lento que a minha boca e quando dei por mim já estava a gritar um "O que foi? Entra!" esganiçado. Bonito. Devem ter ouvido... Felizmente o mais-que-tudo não deu por nada. Nem lhe falei do que se passava ou de quem estava lá (devia?) e tivemos um jantar tranquilo. É claro que fiquei um pouco incomodada ao início e sentei-me de costas para não ter a tentação de olhar para eles. É que a mulher é um ser curioso... Aos poucos vi a minha mãe relaxar. Bebemos um copinho de sangria e o mundo ficou cor-de-rosa outra vez.
Não, eles não são extraterrestres, mas é como se fossem.

1 Comment:

  1. fd said...
    Boa atitude.

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