segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Carnaval

Gosto do carnaval. Gosto mesmo. Quando era mais nova nem por isso. A minha mãe obrigava-me a ir com ela assistir a um desfile na terrinha ao lado da nossa, do qual só me lembro de ver homens vestidos de mulher, e do carro da rainha da festa. Depois fiz 18 anos e comecei a beber. Comecei a beber e a gostar do João. Ou seja, bebia e aproveitava para andar meio atrás dele sem me preocupar com nada. É claro que a razão principal pela qual gosto do carnaval é mesmo a que posso beber o que quiser e fazer as parvoíces que quiser e ninguém nota. Estão todos a fazer o mesmo. Tem sido sempre assim nos últimos anos. Ao longo do ano quando saio nem danço, só bato o pé e abano a cabeça. Mas no carnaval até subo para cima do balcão do café. Solta-se a louca que há em mim.
Então este ano pedi os dias de folga para poder estar à vontade. Posso beber o que quiser que tenho tempo para a ressaca. Até parece mal uma senhora falar assim, mas é a verdade. Não fumo, nem me drogo, mas bebo. Não é preciso muito para sair de mim, mas faço-o de propósito. Quero mesmo fazer as asneiras que não fiz durante o resto do ano. O grande mal é que o alcool actua um pouco como afrodisíaco em mim. Ao fim da noite só me apetece enroscar em alguém, mas acabo por ir sempre sozinha para casa. Menos mal, safo-me de problemas de cariz maior. Só que nos últimos dias só penso em telefonar ao João para lhe informar que o quero levar para um canto escuro. Devo estar a variar. Ainda não bebi e já estou a alucinar. Já nem gosto dele. Não falo com ele há uma semana, nem tenho vontade disso, mas levá-lo para o escuro e saltar-lhe em cima já quero.

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