quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Não me conheceste

Ouço “The blowers daughter” do Damien Rice e lembro-me de ti. Lembro-me de dizeres que ouviste esta música vezes sem conta depois de veres o filme “Closer”. Eu também, sabias? Sem darmos conta até tínhamos mais afinidades do que pensávamos. A Natalie Portman é a minha actriz favorita, sabias? Gosto mesmo dela. E não to disse. Não queria que pensasses que apenas concordava contigo, que apenas dizia “eu também acho” aos teus comentários. Queria que me achasses inteligente, erudita, que não me catalogasses apenas pela música que julgavas que eu só ouvia, ou pelos livros que achavas que eu só lia. Eu era muito mais que isso. Sou mais que isso. Mas nunca te preocupaste em conhecê-lo. Não valia a pena. Apenas ficavas intrigado com a minha escrita. Como é que consegues escrever tão bem se só lês livros da treta?, perguntavas.
Mas ri-me no dia em que confundiste a Audrey Hepburn com a Natalie Portman. Que erro tão mau para alguém que se mostrava tão espertalhão, que lia livros tão bons e só ouvia música da melhor. Como é que não reconheceste a foto da cigarrilha que é a imagem de marca da Audrey? Será que viste o clássico Breakfast at Tiffany’s ou ficaste pela Guerra das Estrelas Episódio I, onde a Natalie entrou? Será que sabes que há filmes como o Casablanca ou E tudo o vento levou? Se calhar estou a abusar. Mas é só para que saibas que sou tão inteligente como tu, que se calhar a cultura de massas não faz mal a ninguém.
Agora escrevo-te aqui, onde sei que não vais ler. São os meus desabafos. Ficam para a posterioridade, para o público. Só tenho pena que não te lembres de mim quando ouves “The blowers daughter”, ou quando olhas para a foto da Audrey e recordes a minha denúncia perante o teu erro.

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