domingo, 11 de novembro de 2007

Ponto final


Fui jantar com ele. Primeiro ir ser um lanche, depois passou para beber um copo antes do jantar e finalmente combinámos jantar. Estava mais virada pó lado do lanche, era uma coisa rápida, indolor, que não tinha razão para se alongar. Não demora mais do que 10/15 minutos a comer um bolo e beber um galão. No fim despejava o meu discurso e vinha embora. Limpo, sem peneirices, sem pieguices. Já um jantar era uma coisa mais elaborada. Tive de me vestir melhor, de me mascarar para me sentir por cima. Sou daquelas mulheres que sofrem do síndrome “quanto mais arranjada, mais segura”. Ontem tive de me pintar bastante e de calçar uns saltos altos. Só tinha de sobreviver ao jantar, de beber um copo de vinho de penalti e despejar “ouve lá, isto acabou, ouviste? não quero mais mensagens, nem telefonemas. já chega!” Até levei o carro para ter a fuga à mão. Pelo caminho imaginava o quão estranho ia ser. Afinal já não falávamos há quase dois meses, e nas vezes que falámos atirei-lhe umas quantas pedras à cabeça, fui mesmo má (não que não merecesse). É claro que não se passou nada do que eu imaginei. Caí-lhe nos braços e pedi perdão. Desculpa, não sabia o que estava a fazer. Não sei viver sem ti. És o meu sol, a minha lua, o meu mundo. Of course NOT. Quer dizer, também não foi bem como eu pensava. Momentos de silêncio incómodo? Nem um. Parecia que nos tínhamos encontrado ontem no café. Conversa, conversa. Rimos. Jantámos, bebemos sangria e rimos mais um bocadinho. E eu sem abrir a boca. Com o meu discurso ali preso na garganta, à espera da melhor oportunidade para acabar com aquela boa disposição. Sobremesa: mousse de chocolate. Demorei uns belos 15 minutos para a comer enquanto pensava “tem de ser agora, vá P, diz-lho agora”. E ele contava mais uma história e ria. Ria e eu enlouquecia. Mas será que não és capaz de abrir a boca? Será que não vais ser capaz de lhe dizer nada? Saímos do restaurante. "Vamos a um tasco beber um copo?", sugeriu. Vamos pois. Não vou para casa sem ter isto resolvido. Mais conversa no carro, mais uma história, e depois pergunta-me “queres mesmo acabar com tudo?” Quase suspiro de alívio. Sim, mesmo a sério. “Podias ter-mo dito por mensagem.” Já o tinha feito.
Já no café, na praia do Baleal, acusa-me de lhe tirar o seu único escape. Diz ele que me mandar mensagens o acalma. Valha-me santo Deus! O que é que estás para aí a dizer? Escape? Já me chamaram de tudo, agora de escape é a primeira vez. Não pode ser. Mande mensagens a outra qualquer. Não tenho de viver atormentada para o resto da vida porque isso o acalma. Saímos do café. Pronto, é mesmo hoje a última vez que me vês, a não ser que me encontres na rua, e se quiseres tens autorização para me dizer olá.

Voltei para casa relativamente serena. Meio arrependida por não ter falado grande coisa da sua vida dupla. Até queria chorar para dar o caso como encerrado e enterrado, mas estava seca, de olhos e boca abertos que nem um peixe, quase me deu para cantar as músicas do rádio. Quase a chegar, o telefone toca. Era ele. Já não me lembrava que tinha posto o Goodbye my lover do James Blunt como toque para quando me ligasse. Perguntou-me se já tinha chegado. Acusei-o de já estar a fazer tudo ao contrário. E depois o rancor que há em mim lá largou “ Quando chegares a casa vê bem porque é que isto acabou. Olha bem para o que tu escolheste.” Adeus.

5 Comments:

  1. Isa David said...
    És grande, P. Enorme.
    S. C. R. said...
    Eu já fui uma personagem semelhante à tua na minha vida.
    Demorei anos a despojar-me disso.
    Prometia a mim mesma que era o fim, mas o Amor que sentia nao me deixou voltar costas.

    Hoje, é ele que me ama com a força que eu nao imaginava que tivesse. A mim o tempo levou-me o sentimento, tal como tantas vezes o tinha pedido.
    Hoje sofro por outro alguém. E é a isto que chamamos viver.
    Não sei se duma forma feliz, ou não.
    Mas é assim que vivo.
    Clara del Valle said...
    que tds os anjos do céu abençoem essa boa atitude hohoho
    Anónimo said...
    Nahhh... não convenceste.Cheira-me que basta ele espirrar e tu estás lá com os corates de novo.
    Eu sei, a carne é fraca, mas tens um cérebro que não tem nada de fraquinho, toca a ser mazinha e nada de fraquezas ;)
    Anónimo said...
    :)

    olhe, só tenho um "tudo de bom" a acrescentar...

    beijokas

    R

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