quarta-feira, 21 de março de 2007

De olhos bem fechados

Gosto dele quando tenho os olhos fechados, quando não o vejo, quando não sei quem é. Penso que é mesmo a altura em que gosto mais dele, em que gosto mais de alguém. Fico sempre de olhos fechados, não os abro. Talvez espreite de vez em quando, confesso, mas uma piscada rápida para não interromper o deleite que sinto. Derreto quando me mima. Se estou de pé tem de me segurar para não cair no chão. Dá-me mil beijinhos pela cara fora, aperta-me as orelhas, aconchega-me o cobertor, e quando está deitado comigo abraça-me, encaixa-se em mim, agarradinho. Volta e meia pergunta “quem é que te mima muito?” enquanto continua a passar os dedos pelo meu cabelo, a dar-me um beijinho na testa, outro num olho, outro na bochecha e continua por aí fora. Sorrio. Um sorriso de orelha a orelha e continuo de olhos fechados. Respondo “o meu irmão”. É verdade. Anda sempre em cima de mim para me dar beijinhos. Ele insiste “quem é que te tapou no sofá para estares quentinha?” Foste tu Nandinho. Foste tu e isto não é nada bom porque me estás a fazer lembrar o que mais gostava em ti e amanhã, quando for embora, sei que só vou pensar nestes mimos e atenções, que só te vou ver daqui a duas semanas e que provavelmente mimas todas as meninas que levas a dormir à tua casa. Vou ter ciúmes delas. É claro que vou. Esses mimos deviam ser só meus. Todos os dias.
Vou continuar de olhos fechados, coladinha a ti, a querer ter-te sempre ali. Quando paras para dormir, que já são 4 da manhã, reclamo. Quero mais. E recomeças, beijinhos múltiplos na bochecha arrebitada por continuar a sorrir.
“Gosto de te mimar”, dizes.
“Gosto que me mimes”
“Vou estragar-te com mimos”.
Já estou estragada.

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