sexta-feira, 30 de março de 2007

Não te quero magoar


Antes de conhecer o João não acreditava na possibilidade de se gostar de duas pessoas ao mesmo tempo, não acreditava que alguma vez pudesse partilhar um homem com outra mulher. Nunca na vida, dizia. Se gostar de mim, é só de mim. Não pode haver outra mulher na história. Não foi o caso. Havia outra mulher, outras mulheres. Deixei-me ser a outra, nunca procurei ser a oficial. Deixei de acreditar em fidelidade. O Nandinho apareceu quando já vivia este sindroma. Sou a outra. Gosto disso? Não posso dizer nem que sim, nem que não. Gosto de os ver com outras e saber que no fim acabam sempre por me procurar, seja que dia for. Não gosto de ver toda a minha atenção roubada e ser posta em ultimo lugar. É o que mais odeio, e é o que eles fazem melhor. Os dois.
E chegamos à noite de ontem. Fui sair com o Nandinho e alguns amigos dele. Depois de me convidar, arrependeu-se. Tinha a certeza que não ia correr bem. Não correu, mas porque é estúpido, não pelas razões que apresentou. “Vais chatear-te porque vai estar lá a minha ex-namorada e outras amigas minhas. Vais dizer que não te dou atenção”. Com isso podia eu bem. Fui. Suportei quando mal falou comigo durante a viagem para a festa onde íamos. Suportei a noite toda longe dele, deixei-o fazer o que quisesse. Nunca procurei estar ao seu lado, nem falar com ele. Fazia de conta que não estava lá. Para quê? Para que se lembrasse de mim quando a festa estava no fim. Para que me dissesse que graças à minha presença tinha recusado um convite de uma rapariga em que estava interessado. Mas que merda é esta? Honestidade brutal? Desejo de vingança? Mas não me queria magoar, imagine-se. Disse-lhe que fosse dormir com quem queria. Quem era eu para impedir. Amuou. Naquela noite não ia dormir com ninguém. Como se isso fosse o prémio pela sua consciência limpa, como se me fizesse respeitá-lo mais. É claro que não. Faz-me achá-lo ainda mais estúpido.
Cheguei a casa e chorei e chorei. De repente, no meio da baba e do ranho, fiquei lúcida. Mas que raio é isto? Ele é muito esperto com esta história de ser honesto, de dizer que não me quer magoar. Tudo muito bonito, mas fá-las na mesma. Com a vantagem de ter dado a desculpa com antecedência, de já ter apresentado a sua explicação. “Sou assim, diz. Um grande cabrão.” Pois não o quero assim. Se é para acabar, acaba. Não tenho medo. Consigo viver sem ele, nem que seja sobreviver. Qual não te quero magoar?! Não o quer, não o faça.

2 Comments:

  1. Anónimo said...
    Já sabes o que penso...
    A m* disto tudo é q voltamos a caír no erro qd a saudade aperta.

    afinal, tanta "honestidade" tambem ja chateia... cinicos!

    beijo enorme
    Anónimo said...
    e voltam e voltam e voltam a faze-lo. sao assim. Qd paramos e olhamos ...apercebemo-nos do mal q nos estamos a fazer... e dps?...

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