sábado, 31 de março de 2007

Debaixo de água

Tomo banho. Lavo-me de ti. O pescoço onde me beijaste pela última vez, a cintura onde me seguraste. Quero eliminar-te de mim, esquecer o teu cheiro, o teu toque. Tomo banho e apago todo o teu rasto do meu corpo. Tenho de esfregar bem. Não pode ficar nada, nem uma única memória do teu braço sobre os meus ombros, do teu hálito na minha cara, do calor que me passavas quando caminhavas agarrado a mim. Tomo banho e lavo a alma de ti. Deixo-me chorar. Com as lágrimas vão todas as desilusões que me deste, todas as alegrias que me ofereceste. Choro e lavo toda a mágoa que ficou, a tristeza pela tua desistência, como se me tivesses dito cara a cara que não gostavas de mim. Lavo da alma a esperança que tinha de que gostasses, da memória dos dias em que gostaste. Deixo correr com as lágrimas toda a vontade de voltar atrás no tempo, de viver tudo de novo. Lavo-me de ti. Deixo que a água leve tudo com ela, que não deixe nada para trás. A roupa que tinha vestida vai para lavar. Não sei se a vou vestir de novo. Apago o teu número do meu telefone, o teu nome da minha vida. Quando me perguntarem por ti, vou dizer que já não sei quem és, que nunca te conheci.
Moving on…

1 Comment:

  1. Anónimo said...
    força..move on! tens tantas pessoas na rua que te podem fazer realmente feliz...

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