sábado, 20 de janeiro de 2007

Em Janeiro de 2007

Sempre pensei que ia ser ele a deixar de falar comigo, de me procurar um dia, e que eu, no auge do desespero faria alguma coisa idiota para estar com ele de novo. Ia querer estar com ele de novo para mais tarde ser eu a deixar de falar com ele. Queria ficar com o orgulho intacto. Não consigo contar as vezes em que tive medo que não me quisesse mais. Não saberia o que fazer se ele me deixasse para trás sem um aviso prévio. Em todas as suas ausências morria um bocadinho. Sentia-me lixo. Sentia-me abandonada, desprezada. Imaginava mil planos de vingança. Queria ir falar com a namorada dele. Queria que ficasse sozinho, como me estava a deixar. Via-me a fazer escandalos nos cafés, nos restaurantes, em qualquer lugar que os pudesse encontrar. Imaginava tudo ao promenor, mesmo sabendo que nunca ia ser capaz de pôr nada em prática. Sou incapaz de gritar em público, de me destacar da multidão. Mas passado uns dias ele procurava-me e eu sentia-me renascer. Voltava o brilho nos olhos, a vontade de pular de alegria. Não conseguia esconder a euforia que sentia por saber que afinal ainda estava na sua vida.
E de repente, sem eu perceber, a paixão morreu. Com ela foram todos os motivos que sempre tive para estar chateada com ele, todos os ultimatos que tinha para fazer. Deixei de adormecer a pensar que não me tinha telefonado naquele dia. Deixei de querer saber. Quando telefonava e dizia que queria estar comigo, quando o faz, só consigo sorrir. Sorrir como se de triunfo, como de vitória por saber que ainda me procura. Mas sinto-me lixada. Não é a primeira vez que isto acontece. Basta andar aos beijos com outra pessoa para esquecer aquela que supostamente é a paixão da minha vida. Como é que posso ter andado tão enganada? Será normal? Como é que tudo aquilo com que sempre sonhei de repente deixa de ter razão de ser? Para onde vão todos aqueles sentimentos? E o rancor? Para onde foi o rancor?
Mesmo assim sei que não estou pronta para lhe dizer adeus. Ainda não consigo ver a minha vida sem ele.

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