domingo, 14 de janeiro de 2007

Infidelidade

Tenho uma amiga numa situação de telenovela. É casada e conheceu outro homem, também casado, por quem se apaixonou. A atracção entre os dois foi mútua e iniciaram uma relação clandestina. Estava tão apaixonada que mandou o casamento às urtigas e começou a trair o marido sem pensar no que estava a fazer. Foi daquelas coisas que não se pensam, fazem-se. No fim de feitas é que vêm os remorsos, a consciência desperta. Gosta do marido, tem muita pena de o desiludir, ele não merecia isto. A mãe, quando souber, vai ter a maior desilusão da sua vida. Vão todos olhar para ela na rua e apontá-la como aquela que encornou o marido, a rameira. Como se tivesse sido ela a procurar o pecado.

Porque é que culpam sempre a pessoa que sai de casa para se juntar a outra? É sempre a má da fita. Raramente se lembram que ela também estava sossegada na sua vidinha de sempre e não precisava procurar dissabores ao apaixonar-se por outra pessoa. Esquecem-se que também sofre ao sentir que está a desiludir meio mundo, a partir o coração aos mais queridos. Esquecem que também tem de começar tudo de novo e precisa de apoio para isso. É como diz o provérbio chinês. "Ama-me quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso." No fundo é vítima desse tão aclamado amor, da paixão fora dos trâmites legais. É vítima e poucas vezes tem uma linha SOS para onde ligar.
Em relação a esta minha amiga, sou eu a linha de apoio, a única a saber da sua infidelidade. Por enquanto, porque ao que parece o escândalo está para rebentar. A mulher do outro descobriu que ele tem uma amante e já sabe que é ela. Acabou a brincadeira dos encontros às escondidas e a realidade bateu à porta. A paixão que a fez pôr o seu casamento em risco deu lugar à insegurança. Largava tudo por ele, mas ele tem uma filha. E se ele não larga tudo por ela? E se ele escolhe ficar com a mulher e a filha? E se a mulher vai contar ao marido dela? E se fica sozinha? É esperar para ver. Cenas dos próximos capítulos.


Tem graça, agora que falo nisso lembro-me de quanto este dito amor é instável. Grande parte das pessoas a quem conto estar envolvida com um homem quase casado confessa já ter estado numa situação semelhante. Ou andaram com homens casados ou foram as próprias a trair os esposos. A vida é inconstante. Num momento está tudo bem, no outro somos atingidos por uma flecha do cupido, que nos faz tremer, ou os nosso químicos alteram-se na presença da pessoa errada. Não dá para evitá-lo, só dá para ignorá-lo se possível. Andar uns dias doente e nunca esquecer o "e se". E se era com ele que eu ia ser mesmo feliz, que eu ia ficar completa?

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