quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Esta foi uma das frases que tirei da Anatomia de Grey. Curiosamente na mesma altura li uma entrevista ao Francesco Alberoni, que dizia que nunca se deve contar ao parceiro que o traímos. Ao contarmos que houve uma traição, por mais insignificante que seja, estamos a partir um laço, a matar a ideia do amor perfeito que tinhamos, a confiança nesse amor. Deixa de haver a crença no 'só eu' e aparece o 'aquela também pode ser'.
Os relacionamentos são uma coisa complicada. Acredito que logo no início se deva dizer o que se procura e como se vai agir no decorrer de uma relação. Por exemplo, um homem não deve fazer uma mulher sentir que é o centro do seu mundo, que vive por ela, que respira por ela, se depois a vai trair logo na primeira hipótese que tenha. É uma dupla traição, por tê-la feito acreditar numa coisa que não era verdade.
Há que mostar o que se sente conforme se vê o futuro da relação. Sim, és o centro do meu mundo e é só contigo que quero ficar para o resto da vida. Se já não és o centro do meu mundo, gosto de ti e da tua companhia, mas também me desenrasco sozinho.
Acredito no que o Alberoni diz, negar a traição sempre, mesmo que com cara de pau. Isso deixa sempre uma brecha para o outro pensar no 'e se..', neste caso "e se ele me está a dizer a verdade e foi outro homem que vi a passear com outra e confundi com ele?". Aí depende da vontade da pessoa de se enganar a ela própria, no querer acreditar na mentira para continuar a viver no conto de fadas.

"A verdade magoa, por isso mentimos."
O João mentiu-me sempre. Nunca me confirmou que tinha namorada. Por mais que eu lhe dissesse que não havia problema se me contasse a verdade, que eu já sabia, que não me incomodava, negou-o sempre. "Esse não sou eu. É o outro João.", dizia. Houve uma altura em que me irritava mais o facto de ele o negar do que o de ter uma vida dupla. Mentiu-me sempre, desde o primeiro dia. Aquele João, o meu João só gostava de mim. Tinha sempre vontade de estar comigo. Tinha sempre muitas saudades. Não tinha namorada nenhuma. Eu era a única mulher da sua vida. E eu, para continuar a viver no conto de fadas, fingia que acreditava. Confesso que no fundo sempre pensei que era verdade. Ele gostava mesmo de mim. Se calhar ainda o penso para explicar porque continuo a encontrar-me com ele. E porque é que continuo a encontrar-me com ele?

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